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Resenha: Maria Rita - Redescobrir





Em toda resenha e crítica que escrevo, tento ser o mais impessoal possível, focar apenas no que devo dizer, no conjunto em si. Nessa crítica farei algo diferente, por uma série de motivos, incluindo a data de sua publicação. Comecei a escrever essa crítica no começo do ano, e arquivei-a para postar justamente no dia 13 de maio, dia das mães. Como disse, essa crítica trará uma abordagem diferente. É nesse momento que o crítico se mescla ao ouvinte, o impessoal se mescla com o fã, e o racional cede espaço para o emocional. Essa é uma crítica de um filho para sua mãe, sobre o trabalho de uma filha para e sobre sua mãe.

Ouvir Maria Rita para mim (Edgar) é algo que vai além do emocional ou nostálgico. O primeiro contato que tive com Maria foi graças à minha mãe, essa marcada na adolescência pela espetacular Elis Regina. Eis que em 2003 Maria Rita surge na cena musical; minha mãe foi uma de muitos que foram às lojas ansiosos para ter o CD da "filha de Elis".

 "Maria Rita" foi o álbum mais reproduzido em minha vida durante meus 2 até os 6 anos, lembro-me de escuta-lo em diversos momentos acompanhado de minha mãe. Ouvíamos na hora da faxina; em uma viagem; nas refeições; e em qualquer outra situação. Lembro-me também de cantarolar alegremente os versos presentes em "A Festa" para minha mãe - Me abraça, me aperta/Me prende em tuas pernas-, e de cantar com toda emoção "Encontros e Despedidas", música que eu não imaginava que me marcaria pelo resto da vida.

"Redescobrir" é o primeiro álbum ao vivo da carreira de Maria Rita. Lançado em 2012 o álbum é baseado num projeto que marcava os 30 anos de falecimento da cantora Elis Regina. A criação desse álbum foi muito difícil, pois nele  Maria Rita enfrenta duas dificuldades:

  A primeira era a de encarar o repertório de Elis Regina, considerada por muitos como a maior cantora do Brasil e em determinados casos, a maior cantora de todas; reproduzir algo já cantado por Elis é um desafio para qualquer cantora.

   A segunda e mais árdua dificuldade era o fato de que Elis era mãe de Maria Rita; essa que desde o começo da carreira tinha que lidar com comparações, por vezes desnecessárias à sua mãe, tal fato fez com que Maria ficasse reclusa a qualquer coisa relacionada à Elis. Nesse projeto Maria tinha que subir ao palco e cantar várias músicas de sua mãe na data de seu aniversário de morte, na frente de um público enorme e emocionado e sem sucumbir ao peso e emoção que a cercava, além de tudo, tinha que encarar a dificuldade interna de cantar sua mãe.

Maria Rita driblou os desafios; subiu ao palco;levou sua família junto ( Seu pai e irmão estavam presentes nos arranjos) e atualizou as definições de um já conhecido ditado popular;" Filha de peixe, peixão é."

"Após esse show, deixei de ser bunda mole e acabei enfrentado todos os meus medos" - Retrata a cantora.

Como estou quebrando todos os padrões seguidos em minhas postagens, dessa vez não farei um faixa-a-faixa; primeiro por se tratar de um trabalho muito extenso, o que tornaria a leitura exaustiva, e justamente por ser um projeto feito em uma data comemorativa, e a postagem também,farei uma curta análise das músicas que melhor combinam com o momento.

"Ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais" 

Essa frase nunca foi tão bem imposta ou exclamada, como na voz de Maria Rita. A letra escrita pelo brilhante Belchior continua a mesma, o arranjo e tom também, mas aqui temos um sentimento diferenciado. Temos uma filha cantando sobre si, sobre seus ídolos e sobretudo sobre sua mãe. Uma performance regada por emoção e sinceridade.

E são essas duas palavras chave que definem o projeto, Emoção e Sinceridade. Os mesmos sentimentos que um filho sente por sua mãe, e vice-versa. Podemos vê-los em músicas como "Maria-Maria", onde  a mulher encontra-se simbolizada apenas em um  nome, e vemos raça, força e fé. Ou em "Doce De Pimenta", onde embora sejam doces e delicadas, as mães,ao serem colocadas em situações que as ameacem ou seus filhos, são mais ardidas que pimenta. 

E é por isso que "Redescobrir" é a trilha-sonora perfeita para o dia das mães, e para todo e qualquer outro dia em que deseje exalta-la, visto que "dia das mães é todo dia". Temos um trabalho delicado, amoroso e sobretudo sentimental. 


NOTA- 10/10-



Gostaria de deixar com vocês um poema que escrevi cuja minha musa inspiradora foi aquela que me apresentou Maria, me apresentou Elis e me ensinou quase tudo o que eu sei. Aquela que sempre esteve ao meu lado; sempre me apoiou em tudo; sempre me aceitou como sou; aquela que sempre é a primeira a mencionar meus posts e a falar sobre o que eu escrevo; aquela que eu amo incondicionalmente. 
Mãe
Tudo o que tenho é a minha mãe
O meu pai é minha mãe
Minha avó é minha mãe
Minha amiga é a minha mãe.

Minha mágoa;
Minha alegria;
Minha decepção;
Minha ambição;
Minha motivação;
É a minha mãe.

Levo minha mãe comigo. 
Tudo que tenho na vida é minha mãe. 
Tudo o que sei é minha mãe. 
Tudo o que sinto, é minha mãe. 
Sou o reflexo de minha mãe.

E essa é uma postagem para minha mãe; para mãe de Maria; para as mães da equipe Faixa Musical; para as mães leitoras; e para todas as outras do mundo todo. Um feliz dia das mães.



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